quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Murmúrio (poema-protesto)

Quando eu morrer, que me enterrem na beira do chapadão, contente com minha terra cansado de tanta guerra crescido de coração (Guimarães Rosa)

Meu choro de
estanho com chumbo

Desgraça via
calçada, calcada
                cal e sangue...

Morena, samba
       Cartola
                Rosas
Jacob e seus bandolins...
Choram!

                O morro não tem vez

Marias
Josés
João
Atadas mãos
Fogo...
Pés no chão

Meninos,
Bandidos!
Sonhos...

Quando derem vez ao morro

Tapioca
Feijoada
Cachaça

Tiros
Sol
Sombra
Po-lí-cia
                Corre-corre

Criança se assombra
Criança morta na esquina

                Toda cidade vai cantar

Matar
                Velho, senhora
Aurora... perdida
Traficante.

Amores.
Dores
Amantes...

O morro não tem vez...
Não tem vez no morro...
Vez do morro...
Morro da vez...
Voz no morro...
Morro no morro...
Morte no morro...


(Uma pequena homenagem aos mortos inocentes do Rio de Janeiro e desse Brasil a fora, uma homenagem ao Higino Marcolino da Silva Neto, meu primo.)

Sem data
Maíra

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