Ainda vivemos
Num tempo
Que falar de maçã é um crime...
...tempo de fome
desesperança
poucos comem...
Guerras!
...e o mundo (os senhores-do-mundo)
torna-se um grande shopping – uma feira entre feiras e feiras
Eu?
Não levantei bandeiras quando soaram os sinos
Não fui ao front com meus irmãos de caminho
Não coloquei armas em punho contra o carrasco...
Sonho doces manhãs
vendavais...
Turbilhões.
Revoluções
Praças...
No quarto com o cuidado do não-dormir
Sim, ainda vivemos
Num tempo
Que falar de maçã é um crime...
...e nós, que viemos depois deles,
não sabemos ainda amar...
...e nem nos damos
sobre a voz rouca
que nos contam...
Deitamos pelo chão do esquecimento
Nossos mortos, heróis idos de um tempo.
E compomos poemas
Sobre maçã.
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